A cada livro que leio de George R. R. Martin fico mais indignado com ele. Sei que tem todos os poderes de criar e acabar com seus personagens, mas, por favor, pare de criar em seus leitores a esperança de um conto de fadas e acabar com toda essa história fantástica que criamos na cabeça num simples virar de folha!
Já havia dito em resenhas anteriores das Crônicas de Gelo e Fogo que nunca se apaixonasse por um personagem, pois ele pode acabar sendo excluído da história no auge dos acontecimentos. Quem já chegou até aqui, livro 5 dessas Crônicas, sabe muito bem do que estou falando, mas, se você nunca leu nenhum livro dessa saga ainda, seria como o “Lobo Mau” morrer de ataque cardíaco no momento que está invadindo a casa da vovozinha! Entendeu!? Toda a tensão de ver o lobo entrando e atacando o morador acaba com o personagem “principal” e você fica pensando: e agora!?
Pois é, George Martin é assim e não podemos pensar diferente. Tenha certeza que ele nunca vai decepcionar quanto a isso. É surpreendente como ele consegue desenvolver um personagem durante 5 livros e simplesmente matá-lo da forma mais banal possível nas últimas páginas, deixando você com raiva por ter que jogar fora toda a história que formou em sua mente.
Depois da sessão desabafo, vamos falar do livro propriamente dito.
Não sei quanto a você, mas sinto dificuldade em lembrar todos os detalhes dessa obra de 864 páginas, para poder resumi-las aqui em poucas palavras. Martin adora escrever livros grandes, mas não sinto a narrativa cansativa, apesar de demorar um tempo considerável para concluir a leitura.
Nesse quinto livro, A Dança dos Dragões, Martin não decepciona seus fãs e mata alguns personagens principais só para não perder o costume. Como sempre faço, escolho um personagem principal por livro, pois sinto que foi dado mais foco pelo autor. Nesse quinto volume elejo Daenerys Targaryen, a mãe de dragões, como a personagem que mais recebeu foco nessa aventura.
Daenerys foi a mais desenvolvida nesse volume, nos passando a angústia da decisão de voltar para Westeros e reconquistar os Sete Reinos, ou ficar nas Terras Distantes e cuidar do seu povo livre. Sem contar o problema que é administrar três dragões do tamanho de rinocerontes vivendo numa cidade populosa e farta em comida de carne humana.
Não foi dessa vez que Daenerys morreu (quase), mas certamente o autor está deixando histórias serem desenvolvidas nas cabeças dos leitores para, no próximo livro, trazê-los à realidade e mostrar que no mundo de Westeros, apesar de ter dragões e seres fantásticos, a vida é tão dura e perecível quanto é no mundo real. Tenho certeza absoluta que ela vai morrer!!!!
Mas o livro não é só dela. A luta pelo reino ainda continua. O “rei” Stannis Baratheon “continua” a sua luta em busca de seguidores para seu exército para reconquistar os Sete Reinos, que é seu por direito (todo rei pensa assim, como todo preso se diz inocente).
Os Lannisters agora lutam dentro de casa para conseguir manter o reinado de Tommen-produto-de-incesto-Baratheon(Lannister), ameaçado pelo poderio militar da casa Tyrell, de sua linda e inocente esposa Margaery. Afinal, como na lei da selva, o mais forte sempre sobrevive. Além desse pequeno problema simples, Jaime Lannister some misteriosamente sozinho com a mulher mais forte/feia do Reino, provavelmente ao encontro de sua morte, e Tyrion está se “divertindo” como escravo-palhaço-fugitivo nas Terras Distantes.
E Arya da casa Stark? Onde está? Quem é? Está viva? Cega? Surda? Tenho medo de me apaixonar mais por essa personagem e sofrer quando for assassinada violentamente por um mendigo qualquer fora de contexto. Muitos ficarão com raiva se isso acontecer. Certamente!
Sansa e Mindinho? Esquece, não são citados nesse livro. Por um lado isso é até bom, pois não foi dito que morreram!
Geroge R. R. Martin
Para mim, o personagem de toda essa história que me deixa mais apreensivo é o próprio autor. Segundo o cronograma, a saga Crônicas de Gelo e Fogo terá sete volumes, ou seja, dois ainda precisam ser publicados e, quem já viu fotos, sabe que ele não é uma pessoa muito jovem.
Nascido em 20 de setembro de 1948, 65 anos de idade e trabalhando muito na produção da série de TV homônima da HBO, não sei se dará tempo de terminar de escrever essa saga.
Tomara que ele viva até os 150 anos e consiga concluir seus trabalhos bem antes disso, para que seus fãs continuem viajando em seu mundo e vivendo entre o limite da paixão e do ódio que aprendemos a adorar nesses cinco livros publicados.
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