Quem acompanha o Affonso Solano no twitter (@affonsosolano) e gosta quando ele está presente no Nerdcast e no podcast do Matando Robôs Gigantes, já está de saco cheio (no bom sentido) de saber que o livro O Espadachim de Carvão é uma obra de arte da literatura fantástica brasileira.
Estava com a missão-de-vida-NERD de verificar se esse livro era realmente tudo de bom que os fãs-fanáticos do autor estavam dizendo ou se eram simplesmente fãs-fanáticos mesmo.
Infelizmente não pude ler quando foi lançado, pois ainda estava lendo o segundo ou terceiro livro da saga Guerra dos Tronos de George R. R. Martin e, quem conhece os meus hábitos de leitura, sabe que, quando começo uma saga, vou até o fim. No caso de Guerra dos Tronos, até o último livro publicado atualmente.
Mas vamos parar de falar de George Martin e voltar a falar de Affonso Solano e seu primeiro livro: O Espadachim de Carvão.
O Espadachim de Carvão
Já começo essa resenha dizendo que o livro não acaba quando termina. Pra quem se acostumou a ler Martin e suas 800 páginas num único volume, O Espadachim de Carvão é uma leitura muito rápida e direta em suas poucas 256 páginas.
Esse livro é mais um que cria um mundo único (Kurgala), onde diversas raças diferentes, mais a humana, vivem em harmonia e misturadas. Adapak, o personagem principal do livro, um ser de pele negra, sem nariz e orelhas, mas com boca (ainda bem), é colocado numa situação que não sabe exatamente o que está acontecendo.
Filho de um dos deuses de Kurgala, Adapak foi treinado na arte dos círculos; técnica que utiliza espadas e probabilidade para determinar os movimentos e ações que levarão à vitória. Tudo isso eu já sabia ao acompanhar os mini-spoilers lançados pelo Affonso em sua conta pessoal no twitter, mas tinha a esperança de entender melhor como esses círculos funcionam ao ler o primeiro volume. Não. Ainda não entendi muito bem como eles funcionam. Curioso como sou, aguardo ansioso que essa técnica seja melhor explicada nos próximos livros.
No começo da leitura fiquei impressionado com a delicadeza e preocupação que Solano dedicava ao Português. Sim, o livro é muito bem escrito, ou muito bem revisado, e me impressionou já nas primeiras folheadas. Pensei que fosse ler uma historinha escrita por um adolescente, sem ritmo ou concordância, e tive a grata surpresa de estar completamente enganado. Parabéns por esse ponto.
Me senti perdido
Juro que, logo no início do livro, me senti completamente perdido com o que estava lendo. Pensei: o que está acontecendo!!??
Bobagem. Era exatamente onde autor queria que os leitores estivessem: perdidos. Me pegou de surpresa, pois, no decorrer da história o livro utiliza a técnica de flashback e delicia o leitor com detalhes que vão esclarecendo aos poucos os pontos abertos e te fazendo entender o motivo pelo qual Adapak se encontra naquela situação.
É angustiante se colocar na pele de um personagem que não sabe o que está acontecendo e nem o que fará para sair dessa situação. Gostei de voltar a sentir isso pelo herói.
Acostumado com Gerra dos Tronos, havia aprendido a não nutrir sentimentos esperançosos pelos personagens principais, pois acabavam morrendo no capítulo seguinte; mas não com Adapak!
Quase xinguei o Solano!
Apesar de ser um livro de aventura, no qual você espera que o personagem vença todas as lutas sem qualquer arranhão, Adapak sofre um acidente que me fez sentir medo! Não posso falar o que aconteceu pois seria um grande spoiler, mas juro que pensei em ativar o coração-frio que utilizava ao ler George Martin.
Se tem coração fraco ou desmaia ao ver ou sentir o cheiro de sangue, cuidado com a leitura! ;)
O que não gostei?
Influenciado por mensagens de twitter e por citações em Nerdcasts, criei em minha cabeça o mundo de Kurgala totalmente diferente que o do autor. Explico:
Como já sabia que Adapak era filho de um Deus, que viveu isolado numa ilha, lendo livros de fantasia que eram deixados como oferenda para seu pai, achei então que ele estava vivendo na Terra, onde só existiam seres humanos e sua eventual aparição provocaria um reboliço (Extraterrestre? Super-herói? Demônio? Amigo? Inimigo?).
Imaginei o presidente dos Estados Unidos mandando agentes secretos para tentar capturá-lo e sendo mortos em sequência pelos círculos. Não, Kurgala não é a Terra e, não, os seres-humanos são apenas mais uma das raças que vivem nesse planeta. É algo parecido com Star Wars, onde cada raça possui habilidades e vantagens diferentes, que as tornam mais letais, inteligentes e vulneráveis que outras.
Achei o meu mundo melhor, mas é normal imaginarmos coisas que, no final, não tem nada a ver com a realidade, afinal, cada um monta o seu mundo do jeito que quiser.
O livro é ruim?
Mas é claro que não. O Espadachim de Carvão é muito bom! Fiquei até muito orgulhoso por saber que temos mais um brasileiro escrevendo histórias excelentes, que incentivam os jovens leitores a tomar o gosto pela leitura.
Se você gosta de livros de fantasia e aventura, esse é um que você deve ler urgentemente. Ele é pequeno e já temos promessas de lançamento do segundo volume, que aguardo ansiosamente para comprar e ler no meu Kindle! Aliás, agora tenho que descobrir como obter um autógrafo no meu ebook! :)
Parabéns ao Affonso Solano e obrigado por trazer de volta a liberdade de poder torcer sem muito medo pela vitória esmagadora do personagem principal! (ao menos nesse primeiro livro, é claro).
Saiba mais
Quer conhecer mais sobre o livro ou sobre o autor, visite o site oficial:
http://espadachimdecarvao.com/