No registro histórico as versões são muitas vezes mais importantes que os fatos! A história é sempre contada nas versões dos que ganharam a guerra, ou daqueles que preferem as politicamente corretas e que enaltecem as virtudes e pontos positivos do fato.
Nos livros de história que estudamos na escola, os fatos são narrados com um conto poético focado nas qualidades positivas dos mártires e no máximo uma citação negativa em algum ponto isolado.
No livro Guia Politicamente Incorreto da América Latina, de Leandro Narloch e Duda Teixeira, você vai encarar um outro lado da história. Um lado que não encontramos registrados nos livros didáticos dos nossos colégios. Guia Politicamente Incorreto da América Latina joga na sua cara outras versões que podem chocar os fãs fanáticos dos ídolos históricos.
Sempre quis ler o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, mas nunca me preocupei seriamente em comprá-l0. Minha prima Flavia acabou me presenteando com esse livro, com o foco na América Latina, e também com a promessa de me emprestar o do Brasil, que garantiu ter em sua prateleira.
A América Latina é uma região muito grande e certamente muita história existe para ser contada, principalmente em suas versões realistas, mas esse livro, de apenas 336 páginas, é incapaz de cobrir todas, e os autores decidiram focar em alguns personagens apenas.
Che Guevara
Para os seguidores de Che, que estampam em suas camisetas a imagem desse guerrilheiro, com o intuito de lutar por paz, amor e justiça, certamente deverão ficar bem longe desse livro. A Argentina teve muita sorte de ter exportado esse assassino socialista antes dele ter ativado o seu modo “evil”.
O Guia Politicamente Incorreto da América Latina foca na passagem de Che Guevara durante a sua união com Fidel Castro e a luta revolucionária em Cuba. O guia mostra como esse personagem histórico evoluiu e acabou fazendo coisas que até um assassino cruel teria pensado duas vezes em fazer. Além, é claro, das suas decisões políticas drásticas que afetaram negativamente a vida dos moradores de Cuba.
Astecas, Incas e Maias
Sempre tive na cabeça a imagem dos conquistadores espanhóis massacrando os povos indígenas aqui na América Latina. Coitado dos índios que deviam viver na paz do mundo antigo.
Ledo engano! Astecas, Incas e Maias, as três maiores tribos que viviam no leste da America do Sul, viviam em guerras sangrentas com outras tribos rivais, eram favoráveis à escravidão dos vencidos e também aos sacrifícios humanos (inclusive de crianças) para acalmar seus Deuses imaginários.
Com a chegada dos Espanhóis, os povos Astecas, Incas e Maias viram a oportunidade de aumentarem seu poderio militar e conquistar mais territórios, escravizar mais povos e ter mais gente para seus sacrifícios!
Não leia esse parágrafo se não for forte. Pule agora! Os sacrifícios eram feitos em seres humanos ainda vivos e a maioria consistia em retirar o coração da vítima com ela ainda viva, fazendo um corte em baixo das costelas e enfiando a mão até o coração! OK, é fácil julgarmos hoje essa ação como sendo repugnante, digna de punição severa, mas a religião provoca isso nas pessoas. Quando a fé determina que a conquista “B” depende de um sacrifício “A”, não existem fatos que consigam mudar essa realidade.
Conclusão
O livro conta também sobre Simón Bolivar da Venezuela (curiosidade, a Bolívia tem esse nome em homenagem a essa pessoa), a revolução dos negros na Haiti, Perón e Evita da Argentina, Pancho Villa do México e Salvador Allende do Chile. Todos personagens marcantes da história de seus países, muitos idolatrados por seus habitantes até hoje, com histórias que nos dão vontade de cuspir em cada virada de página.
Não leia esse livro achando que vai encontrar os trabalhos marcantes e positivos desses personagens. Não vai! Nesse guia você verá as versões dos fatos que são esquecidos propositalmente dos livros das escolas.
Esse livro é muito bom para os que gostam de história. Melhor ainda para aqueles que desejam descobrir também o outro lado da mesma moeda.
Infelizmente o livro não cobre todos os personagens da América Latina. Senti falta do Fidel Castro, citado como coadjuvante no capítulo de Che Guevara. Certamente outros existem mas não entraram no livro.Talvez por questões comerciais, pois se todos estivessem presentes, esse guia concorreria com George R. R. Martin ou até com a Bíblia, certamente!
Agora fiquei com vontade de ler os guias do Brasil e do Mundo! Prima, me empresta!???
Gostou da resenha? Aproveite e compre logo o seu exemplar. Tenho certeza que não vai se arrepender!