Esse livro “O Poder do Hábito – por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios“, de Charles Duhigg, publicado no Brasil pela editora Objetiva, é uma obra que tem de ser lida por aqueles que buscam por auto-conhecimento e desenvolvimento baseado numa esfera científica e não filosófica ou espiritual. Digo isso pois o autor estudou diversos casos distintos, envolvendo diferentes comportamentos humanos, para chegar à conclusão do que são os hábitos e como podemos alterá-los.
Confesso que no começo da leitura adotei uma postura cética com relação aos “estudos de casos” citados pelo autor durante a narrativa, pois não conhecia nenhum dos exemplos e pensei logo que eram fictícios, que estavam no livro apenas para me convencer das verdades constatadas por Duhigg. Mesmo com esse ceticismo, continuei a leitura e não me arrependi, pois no meio do livro são citados casos que me aproximaram da linha de raciocínio do autor, como o do nadador Michael Phelps, o maior medalhista da história das Olimpíadas, que criou uma rotina de aquecimento antes de pular na piscina, onde cada exercício concluído é uma pequena vitória, e que o somatório dessas vitórias sempre o levava ao topo do pódio.
O que é o Hábito?
Após ler esse livro, entendo agora que o hábito é um comportamento normal de qualquer indivíduo e todos temos hábitos bons e hábitos ruins. Entendo que o hábito é algo que fazemos sem utilizarmos todas as funções do nosso cérebro. É algo que fazemos por já estarmos acostumados com certa situação.
O Cérebro otimiza as nossas tarefas
Os hábitos, dizem os cientistas, surgem porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de poupar esforço.
Ao ler o livro você vai perceber que o hábito surge quando seu cérebro otimiza o processamento da informação e cria uma rotina específica para uma atividade corriqueira.
A maioria de nós não para pra pensar se colocamos com a mão direita ou esquerda a pasta de dente na escova, se escovamos primeiro os dentes de cima ou os debaixo ou se calçamos primeiro o pé direito e depois o esquerdo. Nós simplesmente fazemos essas atividades sem prestar muita atenção em nossas ações, pois nosso cérebro reconhece o que precisa ser feito e aciona o hábito daquela atividade.
Quando um hábito surge, o cérebro para de participar totalmente da tomada de decisões. Ele para de fazer tanto esforço, ou desvia o foco para outras tarefas.
O hábito é um comportamento acionado pelo nosso cérebro para economizarmos energia, pois, se precisássemos de todo o poder cerebral para executar todas as nossas atividades, teríamos estafa mental antes de chegarmos na hora do almoço, e isso não seria nada legal.
Gatilho, Rotina e Recompensa
Charles Duhigg resume o hábito em três fases:
- Gatilho: é o que aciona o hábito. O cérebro detecta o um padrão ou uma sugestão e ativa o hábito para ficar livre e executar outras funções;
- Rotina: é o comportamento pré-programado pelo cérebro para atender ao gatilho do hábito. É a sequência de ações que começamos a realizar automaticamente, sem pensarmos muito sobre elas;
- Recompensa: é o que sempre buscamos quando o hábito é acionado e geralmente está associado a uma sensação de prazer, de dever cumprido, de saciedade ou de realização.
O vício pode ser considerado um hábito. Num viciado em cigarro, quando o organismo percebe a queda do nível da nicotina, o cérebro aciona o gatilho do hábito de fumar. A rotina inicia o comportamento de acender um cigarro em busca da sensação de prazer, a recompensa, que é o aumento do nível de nicotina no corpo.
Mudando o seu hábito
Mudar o hábito não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível. Entendendo qual o gatilho de um hábito você pode alterar a rotina ou substituir a recompensa.
O autor dá um exemplo bem interessante de um de seus próprios hábitos que é o de levantar no meio do expediente de trabalho e comer cookies na lanchonete. Isso ele fazia todos os dias e o estava deixando cada vez mais gordo. Ao analisar o hábito, ele percebeu que o gatilho não era a fome e nem a recompensa de euforia provocado pelo aumento do nível de insulina (açúcar) no sangue, e sim pela necessidade de bater-papo com alguém para relaxar um pouco a tensão do trabalho. Sabendo disse ele parou de comer cookies e agora perturba seus colegas de trabalho por uns 10 minutos. (Quem nunca recebeu em sua mesa um colega de trabalho que quer jogar conversa fora? E justo naquela hora que você mais precisa de concentração! #QuemNunca!)
Os hábitos nunca desaparecem de fato.
O grande vilão da mudança do hábito é que o hábito antigo nunca desaparece completamente. Quando queremos criar o hábito de ir para a academia para melhorarmos a nossa saúde, o hábito de sair do trabalho e ir pra casa sempre vai te lembrar que é muito mais gratificante ficar no sofá vendo TV do que suando numa esteira. A perseverança e o foco na nova recompensa, a de melhorar a sua saúde, vai ter que ser mais poderosa para suplantar o hábito antigo.
Conclusão
Aprendi muito com esse livro e consegui mudar um hábito muito ruim que eu tinha: o de ficar “cutucando” as unhas das mãos. Engraçado que existe uma passagem do livro que trata exatamente desse exemplo e que, no meu caso, funcionou muito bem. Todas as vezes que eu lia um livro ou que ficava parado sem fazer nada (gatilho), o hábito de ficar cutucando as unhas era acionado para compensar a fasta do que fazer (recompensa). Parece uma coisa muito boba, mas alterei a rotina dando apenas três batidas com o dedo em qualquer lugar para me lembrar: “Mude esse hábito e pare de ficar cutucando as unhas”.
Deu muito certo no meu caso e agora tento aplicar o que aprendi com o livro no meu dia-a-dia, analisando os meus hábitos ruins e tentando melhorá-los.
Se você quer aprender mais sobre você mesmo, recomendo que compre o livro O Poder do Hábito e aprenda a criar hábitos bons e a eliminar os ruins. Não é tarefa fácil, mas a leitura vai te mostrar que é possível.
Se, antes de comprar o livro, você quiser saber mais sobre ele, recomendo assistir o vídeo e ler o resumo preparado pelo Seiiti Arata para o curso Produtividade Ninja. Fiz esse curso e, coincidentemente, terminei de ler o livro no momento exato que foi tratado o tema nas videoaulas.
Então é isso. Espero que essa resenha tenha te convencido a começar a ler O Poder do Hábito e que seja o gatilho para que você evolua cada vez mais e crie muitos hábitos bons em sua vida! Se gostou do que leu, indique a um amigo e ajude a melhorar também os hábitos dele.
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