Livro bom, pra mim, é livro lido, mesmo que alguns não sejam tão bons quanto eu imaginava que fossem.
Tubos – O Mundo Físico da Internet (tradução feia do livro em inglês Tubes: A Journey to the Center of the Internet), de Andrew Blum, é um livro escrito para pessoas curiosas que não possuem conhecimento técnico algum sobre o funcionamento de uma rede de computadores. Se você nunca ouviu falar de palavras como “hub”, “switch”, “fibra ótica”, mas já ouviu dizer que seus arquivos de e-mail estão na “nuvem”, então você é um forte candidato a começar a ler Tubos.
Andrew Blum, além de autor, é também jornalista que nasceu e vive em Nova York e escreve sobre arquitetura, design, tecnologia, arte e viagens para diversas canais como Wired, The New York Times, The New Yorker, Bloomberg Business Week, Metropolis, Popular Science, Gizmodo etc.
O que motivou o autor a escrever esse livro foi a curiosidade em descobrir o que realmente faz a Internet funcionar. A explicação vaga de que nossos arquivos estão na nuvem, que a Internet não tem dono, que seus arquivos podem passar por Tókio para chegar na Argentina não eram detalhados o suficiente para saciar a sede de curiosidade de Andrew Blum.
Essa sede começa quando a luz de seu modem apaga e todo o mundo da Internet simplesmente desaparece da tela do seu computador. Investigando com o técnico da empresa que provê Internet para a sua residência, descobre que um simples esquilo mordeu o cabo “da Internet” e isso foi o suficiente para deixá-lo fora da maior rede mundial de computadores.
Particularmente não gostei muito da narrativa do livro, pois o autor tenta descrever toda a parte técnica por trás da Internet com termos populares que facilitem o entendimento dos leitores leigos. Como a minha formação é técnica, tenho conhecimento para entender o que está por trás da Internet, com suas topologias, servidores, conexões de fibras óticas, centros de interconexões, mas o autor preferiu descrever cada um desses temas humanizando os “tecniquês”.
Início da Jornada de Tubos
Tubos começa a jornada explicando sobre o Mapa da Internet, citando alguns prédios que servem como grandes centrais de conexão de toda a Internet, os chamados Internet Exchange Points. Estes prédios são responsáveis por conectar as redes de diversas empresas com outros parceiros. Nesses locais que as redes do Facebook se conectam com as do Google, ou as da Microsoft com as da Intel, ou a do seu provedor de Internet com o resto do mundo.
Estes locais recebem diversas conexões por fibras óticas, de milhares de locais diferentes, e as conectam a poderosos switches que determinam o destino de cada pedaço de informação que trafega na Web.
Tubos prossegue a jornada e explica um pouco mais detalhado como a rede de todas as redes se mantém viva e porquê ela não pertence a um único órgão controlador. Desde a sua concepção, a Internet foi construída para ser uma rede que funciona “por conta própria”, onde ninguém pode limitar o seu funcionamento.
Internet feita de luz
Andrew descobre que a Internet e sua grande velocidade está muito relacionada com a luz, mais precisamente com a capacidade da luz percorrer um cabo de plástico, um pouco mais grosso que um fio de cabelo, numa velocidade tão rápida, capaz de transportar 40Gbps de dados por segundo!
Mais interessante ainda é descobrir que cabos de fibra ótica são jogados nos oceanos para conectar continentes! Muitos pensam que as conexões entre países e continentes são feitas única e exclusivamente via satélites, mas elas são feias em sua maioria por meio de cabos de fibra ótica.
Parece impossível conceber que um cabo físico atravesse todo o Oceano Atlântico para conectar, por exemplo, os Estados Unidos à Europa, mas é assim mesmo que acontece e Andrew conta a sua experiência ao acompanhar a chegada uma das pontas de um cabo transatlântico numa praia, trazido por um navio comum.
Mais surpreendente é saber que o cabo é “emendado” a outro que já existe na costa e enterrado na areia da praia. Pronto, simples assim.
Onde os dados dormem
Claro que o livro tinha que contar também sobre os Data Centers, locais também do tamanho de um prédio, responsáveis por armazenar os dados da Internet e também por consumir a mesma quantidade de energia de pequenas cidades!
Os Data Centers são os responsáveis por criar o sentimento de que os seus arquivos estão nas nuvens, pois você não sabe exatamente onde eles estão e, muito menos, se estão em apenas um lugar ao mesmo tempo.
Seus e-mails do Gmail podem estar armazenados em cinco Data Centers fisicamente espalhados em diversos países e você, talvez nem os engenheiros da Google, sabem exatamente quais são esses cinco Data Centers.
Andrew Blum tentou visitar um Data Center do Google, mas, apesar da maior empresa de Internet possuir dados de quase todas as pessoas do mundo, poucas possuem permissão para entrar em seus Data Centers. Andrew não foi um desses felizardos, mas conseguiu permissão para visitar um do Facebook.
Conclusão
Li este livro na versão em inglês. Talvez por isso, por não ter um nível de inglês tão apurado quanto gostaria, tenha gostado muito da narrativa do autor.
Terminei o livro com o mesmo sentimento que tenho quando leio uma revista Veja ou Época: se tirassem as páginas de propaganda, diminuiria o peso da revista em 70%. No caso de Tubos, se o autor deixasse de contar que alugou um carro para caminhar por toda a costa, ou que a arquitetura externa do prédio não dá sinais de que ali nasceu o principal ponto de acesso à Internet naquela cidade, certamente o livro economizaria muitas páginas.
Entendo que o livro foi escrito para pessoas que não são técnicas. A minha dúvida é se pessoas que não são técnicas um dia se interessarão em ler esse livro.
Esse foi recomendação do amigo Andre Mello. No geral gostei do livro, pois aprendi com mais detalhes a parte física da Internet.
Para os que são curiosos como eu, também recomendo a leitura.
Conheça um pouco mais sobre o autor nesse vídeo:
Muito legal, amigo!